Noelle Oliveira_Brasília 247 – A capital federal prepara-se para uma série de eventos esportivos internacionais. No início de novembro, Brasília foi confirmada como sede das Olimpíadas Escolares Mundiais – Gymnasiade –, em 2013. No mesmo ano, teremos a Copa das Confederações, inclusive a abertura. Em 2014, a cidade é uma das que receberão jogos da Copa do Mundo. A capital também está na expectativa de realizar a Universíade em 2017. Os jogos universitários são o terceiro maior evento esportivo do planeta – atrás da Copa do Mundo e das Olimpíadas.
O que uma pequena parcela da população sabe, no entanto, é que desde 14 de novembro a cidade é palco do Campeonato Mundial de Patinação Artística. A competição ocorre no Ginásio Nilson Nelson, mas quem passa por ali nem imagina que lá dentro estão 1.080 atletas de 36 países. Não há referências ao torneio na cidade. Os poucos que comparecem às apresentações reclamam. O campeonato vai até o dia 26.
O evento não contou com divulgação. O campeonato aguardava liberação de R$ 600 mil do Ministério do Esporte e estava autorizado a arrecadar até R$ 4 milhões com parceiros. Nenhuma parte da verba apareceu. Com a crise que derrubou o ministro Orlando Silva – após denúncias de envolvimento em desvio de recursos da pasta –, um decreto presidencial suspendeu os repasses para contratos com organizações não governamentais e entidades privadas sem fins lucrativos até o fim de novembro. Assim, a Federação Brasiliense de Hóquei e Patinação (Febrahpa) ficou sem meios para organizar a competição. Cancelar o evento seria ainda mais feio para o País, até porque três hotéis estavam com as acomodações totalmente reservadas para os atletas e acompanhantes, aproximadamente 6 mil pessoas. Muitos já haviam pagado a hospedagem antecipadamente.
O governo do DF apoiava o evento antes do calote público, mas de forma tímida. Até então, tinha oferecido o aluguel do Ginásio Nilson Nelson cobrando a taxa mínima, R$ 6 mil. Em contrapartida, pediu que a entrada fosse gratuita. Comercialmente, o aluguel sairia por um valor próximo a R$ 70 mil. A parceria ficaria limitada a isso. Diante das dificuldades, o governo local ampliou o apoio. A Secretaria de Esporte cedeu gerador de energia, transporte, serviços de limpeza, segurança, UTI móvel e equipamentos de projeção. O suficiente para o campeonato ocorrer.
Responsável pela organização do campeonato, a Febrahpa minimiza os problemas. “Percalços são comuns em um torneio desse porte e a secretaria fez tudo o que podia, em cima da hora, para nos atender e viabilizar o evento”, afirma Lúcio Resende, presidente da federação. A opinião é compartilhada pelo vice-presidente de Patinação Artística da Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação, Alexandre de Almeida. “A pista que estamos utilizando, por exemplo, é nova e está sendo elogiada por todas as delegações presentes.”O esforço em ajudar, porém, não impediu que a falta de estrutura ficasse visível para público e atletas. Em 15 de novembro, segundo dia do evento, os treinos foram atrapalhados por goteiras na cobertura do ginásio. Atletas ajudaram a espalhar baldes na pista e marcações foram feitas para indicar os pontos inundados. Banheiros pichados e com estrutura antiga são motivos de reclamações do público e de acompanhantes de patinadores. Só na parte destinada aos esportistas, os vestiários, a situação é um pouco melhor. “Não foi divulgado, não é algo que atrai muito público e quem vem ainda encontra tudo nesse estado, é lamentável”, reclamava Antônia Limeira, que veio de São Paulo prestigiar a apresentação de um amigo que participa da competição. A falta de tradutores também foi motivo de crítica. “Para quem está se preparando para uma Copa do Mundo, o governo deveria ser o primeiro a fazer alguma coisa para garantir que tudo aqui saísse perfeito”, disse.
A pista, no entanto, não é do ginásio. Foi comprada pela confederação, por R$ 80 mil, e é a primeira vez em que é utilizada. “Claro que se tivéssemos conseguido a verba do governo federal este seria um marco entre os campeonatos, mas não estamos fazendo feio, pelo contrário – e sem o governo local seria inviável qualquer coisa”, avalia Almeida.
A Secretaria de Esporte mandou uma equipe para consertar a cobertura do ginásio e o problema está resolvido. Prometeu que a partir deste sábado (19) alunos do Centro Interescolar de Línguas, da Secretaria de Educação, começarão a ajudar os atletas com informações sobre a cidade. Os alunos deveriam participar desde o início, mas o apoio foi cancelado porque os jovens não tinham transporte e uniformes para o trabalho.
Primeira medalha de ouro de um brasileiro no campeonato, o atleta Diego Dores também minimizou os imprevistos. “É normal, estamos acostumados a ver problemas desse tipo nos ginásios, mas a competição está linda”, ponderou. Até domingo (20), serão disputadas as provas da categoria Júnior. Depois será a vez da categoria Sênior, a principal da modalidade, de 21 a 26 de novembro, quando Brasília receberá atletas de renome internacional.
Fonte: materia e fotos retirados do site: http://brasil247.com.br/